O Padroeiro


São José, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, é reconhecido em toda a Santa Igreja como seu protetor e padroeiro universal.  Desde toda a história da Igreja tem-se reconhecido em São José o modelo de homem justo e virtuoso que se manteve continuamente obediente à missão que o próprio Deus lhe confiou. 

Diante da grandeza de José, certamente se poderia inclinar a cabeça em atitude de respeito e obediência. Não porque ele ocupa o lugar de Deus, mas porque em sua humildade se fez grande, em seu servir tornou-se nobre, e no seu acolher, como fez à Maria, tornou-se, em linguagem espiritual, pai e mestre. José não teve uma vida extraordinária, pelo contrário, sua vida foi cumulada de acontecimentos ordinários, simples e cotidianos, embora tivessem também outros com características misteriosas e por que não dizer exigentes?

São José era uma pessoa como outra qualquer, não era rico, mas trabalhava e procurava exercer seu humilde ofício com disposição diante de Deus e dos homens. Ele era por assim dizer um ser HUMANO normal, como qualquer outro, porém, devido a sua grande humildade e por se tratar de um homem justo, coube-lhe a missão de cuidar daquela que seria a mãe do Senhor Jesus. É na abertura de coração à Maria que se vê claramente a humanidade de São José, ainda que ele tenha pensado em abandonar Maria como se pode ler no Evangelho segundo São Mateus: “José, seu esposo que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeita-lá secretamente” (Mt 1, 19). Por se tratar de um homem de bem, ele resolve, depois de um sonho, não recusar a Virgem Maria como sua Esposa, mas a acolhe em sua casa, ou seja, aos seus cuidados sem, contudo, demonstrar injúria, inquietação, raiva, ou coisas do gênero, mas a partir de sua humanidade bem equilibrada se mostra como alguém que sabe enfrentar os problemas com maturidade e responsabilidade. Ele toma as iniciativas dadas pelo anjo e as cumpre com fidelidade. José mostra-se um homem sereno, sobretudo justo, essa palavra na língua hebraica quer dizer piedoso, servidor, aquele que cumpre a vontade divina, pode significar também bom e caridoso para com o próximo, para resumir, justo é o que ama a Deus com sinceridade de coração cumprindo os mandamentos do Senhor.

 Movido simplesmente pelo amor de Deus e para esse mesmo amor, São José parece ter passado discretamente pela história humana, então diante dessa realidade poderia ser feita a seguinte pergunta: o que falar de São José, já que não temos nenhuma palavra dele? O que poderia nos inspirar? Será que somente o imaginário que por vezes é ofuscado pela falta de provas e evidências, ou poderíamos ainda levar em consideração tão somente a piedade popular?

Certamente São José não falou com palavras porque não havia a necessidade, mas ele falou com gestos, atitudes concretas e para estas não é preciso o ruído da fala, mas o trabalho assume esse papel e fala. Assim foi José, um homem simples, mas que falou e fala com eloquência, sobretudo nos dias atuais, onde a confiança em Deus, a integridade da vida humana e os valores estão sendo substituídos por outras concepções morais por vezes insustentáveis. São José quer chamar a todos à vida em Deus, de tal forma que o homem não tenha em si o medo de se abandonar nas Mãos providentíssimas do Pai, mas do contrário adquiram cada vez mais, por graça de Deus, a fé, a esperança e a caridade, que estiveram tão presentes na vida do patriarca José e que fez dele “diferente”.

José que do hebraico significa Deus acrescentará, é uma prefiguração do que o homem deve ser em qualquer estado de vida em que se encontre. Deus certamente acrescenta ao que cumpre a Sua Vontade. Acrescenta de forma inesperada, porque Ele nunca se deixa vencer em generosidade.

Por fim, o homem deve sempre: “Ite ad Ioseph”, ir a José para aprender verdadeiramente a pertencer a Deus, estar com Ele, e assim crescer na sua vida interior, pois José é mestre também de vida interior, porque só a um coração íntimo Deus revela os seus desígnios e confia seu maior tesouro que é o Verbo Encarnado. “E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3, 17).

Seminarista José Eudes