As pessoas da sociedade de hoje
estão tão preocupadas com seus próprios problemas e interesses que o próximo se
tornou algo insignificante e, na maioria das vezes, é visto como um perturbador,
com isso, as pessoas sentem, a cada dia que passa, mais dificuldade de ser para
o outro um suporte diante das dificuldades da vida, e infelizmente temos o
crescimento de pessoas que aderem consciente e inconscientemente o
individualismo como regimento de suas vidas, com isso vão embarcando num
itinerário rumo à solidão e a tristeza.
Um dos efeitos deste estado de
isolamento, também algo muito comum que vem causando muito sofrimento às
pessoas em nossos dias, é a depressão. Ela é uma doença que faz com que os
indivíduos entrem numa tristeza profunda perdendo a esperança e a alegria de
viver.
Havia uma senhora, professora por muitos anos,
que vivia muito só e tinha por família apenas uma filha, mas raramente se
encontravam, pois não se relacionavam muito bem, contudo, estava passando por
problemas de saúde quando veio a conhecer outra educadora que mudara para a
mesma escola que trabalhara. Fizeram uma bela amizade e juntas faziam orações e
conversavam bastante, uma era para a outra um sinal de Deus. Certa semana, a mulher
debilitada faltou por uns dias e nem sequer deu satisfações do motivo, o que
desencadeou na novata a curiosidade em saber o porquê do sumiço desavisado.
Após
ligações não atendidas, ela partiu da escola com duas professoras, que eram
mais próximas, rumo à casa da desaparecida, e logo que chegaram à recepção do
edifício o porteiro lhes disse que também não a via há alguns dias, por isso,
rapidamente ligaram para a filha dela e pediram permissão para entrar no
apartamento, pois vizinhos comentaram a presença de moscas e mau cheiro no
corredor. Depressa chamaram um chaveiro e conseguiram abrir a porta, chamaram
por ela e nenhum sinal, quando entraram em seu quarto, lá estava ela, deitada
em sua cama toda suja de fezes e urina e desacordada, prontamente se puseram a
banhá-la e em seguida a encaminharam ao hospital. O diagnóstico revelou que ela
havia sofrido uma série de Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas, depois de
tudo isso, ela ainda está viva, porém hospitalizada e em estado de coma
profundo.
Quis dizer isso para ilustrar que mesmo com a
reclamação do mau cheiro e com a ausência há dias daquela mulher, nenhum
vizinho e nem tampouco o porteiro, tendo percebido que havia algo de errado,
foram capazes de tomar alguma providência. Entretanto, o foco principal aqui é
a companheira de trabalho que se preocupou e tomou a atitude de ir ao seu
encontro. Por isso, mesmo que a humanidade, em sua grande maioria, esteja
voltada para si mesma, há pessoas que vivem para o outro e dedicam, se não
todo, mas parte de seu tempo em prol da vida e da solidariedade. Uma música nos
diz: Quem vive para si empobrece seu viver,
quem doar a própria vida, vida nova há de colher. Portanto quem perde o sentido da vida é porque
não descobriu que o sentido dela é fazer-se vida para o outro.
Seminarista Rafael Ribeiro