quarta-feira, 28 de novembro de 2012

São Lucas, o escritor da mansidão de Cristo


As devoções aos santos são muito comuns na Igreja Católica. Estes nos servem de exemplo para a nossa caminhada cristã, sem nunca perder de vista nosso maior exemplo, Jesus Cristo. Há muitos santos, alguns mais populares que outros, como por exemplo São Francisco de Assis ou São Bento. Cada um com seus ensinamentos, com os seus milagres, enfim, com o seu exemplo. Por isso, resolvi escrever sobre o santo ao qual tenho devoção, São Lucas Evangelista. Muito conhecido, porém pouco se houve falar em devoções a ele. Infelizmente, não temos muitas informações sobre sua vida; não tanto quanto temos de santos que viveram mais recentemente. Mas, consegui reunir algumas informações que adquiri com um pouco de pesquisa, com meus estudos sobre a Sagrada Escritura durante este ano, e também lendo um pouco sobre ele na tradição passada pelos primeiros Padres da Igreja. São Lucas para mim é um exemplo do Cristo misericórdia, de um Jesus que cuida dos mais necessitados. O fato de termos poucas informações sobre ele mostra sua humildade; escreveu bastante sobre Jesus, sobre Maria, sobre os Apóstolos e sobre a Igreja nascente. Apesar de ter tido grande importância no ministério de Paulo, não colocou o seu nome se quer uma vez em seus livros. Sem muito prolongar, escrevi algumas informações sobre ele e sobre seus escritos.

            Lucas nasceu em Antioquia da Síria. Cresceu em uma família pagã. Mas  foi convertido pelo Apóstolo São Paulo, do qual se tornou inseparável e fiel companheiro. Nas prisões de São Paulo, Lucas acompanhou o mestre, tanto no cárcere como nas audiências, presença que o confortou nas masmorras e deu-lhe ânimo no enfrentamento diante do tribunal do imperador. Na segunda e derradeira vez, Paulo escreveu a Timóteo que agora todos o haviam abandonado, menos um:"Só Lucas está comigo". E essa foi a última notícia certa do evangelista. Lucas foi médico, conforme diz São Paulo na carta aos Colossenses (4,14): “Saúda-vos Lucas, nosso querido médico”. Além disso, segundo algumas tradições, ele ainda foi historiador, músico e pintor.


            São Lucas, segundo afirma uma antiga tradição, teria sido o primeiro a pintar um quadro de Nossa Senhora. O evangelho de boa parte das missas de Maria Santíssima é tomado de São Lucas, pois foi quem mais longamente nos escreveu sobre a sua vida. Por isso, é muitas vezes chamado de “o Evangelista de Maria”. O Magnificat, que é o cântico de alegria de Nossa Senhora, só se encontra no Evangelho de Lucas. Também o Benedictus e o cântico de Simeão só são relatados em Lucas.

            Um dos maiores arqueólogos de todos os tempos foi Sir William Ramsay. Ele estudou em famosas escolas históricas alemães em meados do século XIX, as quais ensinaram que o Novo Testamento foi um tratado religioso escrito aproximadamente na metade do século III, e não um documento histórico registrado no primeiro século. Ramsay estava tão convencido deste ensinamento que acabou entrando no campo da arqueologia e foi para a Ásia Menor especificamente para encontrar as provas físicas que refutassem o registro bíblico de Lucas. Depois de anos de estudo de campo, Ramsay reverteu completamente a sua visão de toda a Bíblia e da história do primeiro século. Ele escreveu:

“Lucas é um historiador de primeira categoria, não apenas são as suas declarações de fato de confiança, mas ele é possuidor do verdadeiro sentido histórico ... em suma, esse autor deve ser colocado junto com os maiores historiadores.”
           
            Ao analisar a pesquisa e os escritos de São Lucas, o famoso historiador AN Sherwin-White declara:

“No fim das contas, Lucas cita os nomes de trinta e dois países, cinquenta e quatro cidades e nove ilhas sem erros. Para Atos a confirmação da historicidade é esmagadora. . . . Qualquer tentativa de rejeitar a sua historicidade básica deve agora parecer um absurdo.”

            Para escrever tanto o seu Evangelho como Atos dos Apóstolos, Lucas afirma ter investigado de tudo desde o principio. Afirma também ter ouvido testemunhas oculares e ministros da Palavra. Entre essas testemunhas ele pôde consultar Pedro e os demais apóstolos e discípulos, as santas mulheres. Existe a hipótese provável de ele ter recebido informações preciosas da própria Mãe de Deus. Daí ter sido ele o único evangelista a falar da Anunciação, da visita a Santa Isabel, do nascimento do Menino Jesus em Belém, da adoração dos pastores, da Circuncisão, Apresentação no Templo e purificação de Maria Santíssima, e da perda e encontro do Menino Jesus entre os Doutores da Lei. São Lucas foi chamado também de “o escritor da mansidão de Cristo”, porque em seu Evangelho ressalta muito a bondade misericordiosa e a paternal benignidade do Filho de Deus, como se expressam em suas parábolas, principalmente nas da ovelha perdida, do filho pródigo, do bom samaritano, e sobretudo no dolorido olhar de Jesus a Pedro depois de suas negações. Poderia ainda se escrever muitas características do Evangelho de Lucas, mas o objetivo aqui é refletir sobre a pessoa de Lucas e não especificamente só seu Evangelho - apesar de seu Evangelho mostrar um pouco do que ele é. Lucas era médico e cuidava dos necessitados gratuitamente, por isso, é o “médico amado” da carta aos colossenses. Dessa forma, ele prefere mostrar Cristo misericordioso, que veio para os pobres e menos favorecidos. Em Lucas, os pastores vão visitar Jesus e não os reis magos, como está no Evangelho de Mateus.

            A tradição nos diz que após o martírio de São Paulo, Lucas continuou a pregação. Ele ainda teria passado por Itália, Gálias, Dalmácia e Macedônia. E um documento de São Jerônimo chega-nos a informação de que ele teria morrido aos oitenta e quatro anos. Também afirma que Lucas morreu martirizado em Patras na Grécia. Então, como no dia dezoito de outubro, com a Igreja, no hino das Laudes da Liturgia das horas...


Cantamos, hoje, Lucas, teu martírio,
teu sangue derramado por Jesus,
os dois livros que trazes nos teus braços
e o teu halo de luz. 

Levado pelo Espírito, escreveste
tudo o que disse e fez o Bom Pastor,
pois aos sermões de Cristo acrescentaste
os seus gestos de amor. 

De registraste os atos,
e do povo fiel a comunhão,
quando unidos em preces pelas casas,
iam partindo o pão. 

De Paulo foste o amigo e companheiro,
ouviste de seu peito as pulsações;
faze vibrar no mesmo amor de Cristo
os nossos corações. 

Médico santo, cura os nossos males,
leva ao aprisco o pobre pecador;
dá que no céu sejamos acolhidos
pelo próprio Senhor. 


São Lucas, rogai por nós!


Seminarista Lucas Meneses

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