Ainda que todos sonhem com um mundo livre,
sem leis de punição, e acabem fazendo uma ideia de mundo utópica, esse não é
nem de longe o conceito apropriado de liberdade. Mais, a liberdade pode ser um
lugar de encontro privilegiado a nível de diálogo entre a cultura moderna e o
Cristianismo. Mas é preciso conhecer a verdadeira natureza dessa liberdade.
Se por um lado, para o homem moderno, ser
livre significa, frequentemente, poder desembaraçar-se de todo limite e de toda
autoridade, por outro, para o Cristianismo, só se pode encontrar a liberdade em
uma submissão a Deus, na obediência da fé. Falta ao homem moderno, reconhecer
que a verdadeira liberdade, mais que uma conquista do própria, é um dom
gratuito de Deus, um fruto do Espírito Santo, recebido na medida em que se se
coloca em uma dependência de amor diante do Criador.
Ainda, pensa-se frequentemente que o único
exercício verdadeiro da liberdade consiste em escolher dentre diferentes
possibilidades aquela que mais convém. Pensa-se, portanto, que quanto mais
amplo for o leque de opções, mais se é livre. A medida da liberdade seria,
assim, proporcional à amplitude deste leque de opções possíveis. Essa noção de
liberdade, que cedo induz a impasses e contradições, é muito presente no inconsciente
do homem moderno, podendo-o levar a crer que esta é uma verdade, mas apresenta-se,
na verdade, como um grande equívoco.
Que o uso da liberdade leve frequentemente
a poder optar entre diferentes possibilidades é verdade, e isso é bom. Mas
quando se apega à necessidade de fazer uma opção, esquece-se que os elementos
da existência humana que se escolhe são de uma importância bem menor que
aqueles que não se escolhe. Veja, por exemplo, o sexo, a nacionalidade, a cor
dos olhos, o temperamento, a língua materna. Todos esses são elementos de fato
determinantes na existência humana, que não passaram pelo crivo da escolha.
Simplesmente acolhemos todos eles, em espírito de gratidão por aquilo
recebemos. E essa postura é fundamental no processo de amadurecimento pessoal.
Portanto, chega-se à grande conclusão
diante do tema liberdade: exercita-se de forma mais plena esse aspecto da vida
humana, esse dom divino, quando se acolhe, e não quando se escolhe, ainda que
fazer escolhas seja algo de fato importante no caminho do amadurecimento
pessoal. Assim, o homem manifesta a grandeza de sua liberdade quando transforma
a realidade a partir de suas decisões, mas o faz mais ainda quando acolhe a
realidade com confiança, da forma como ela se apresenta dia após dia. Só se é
verdadeiramente livre se se consegue abdicar até mesmo do direito de escolha
para transformá-lo em postura de acolhimento. Essa é a verdadeira liberdade
interior, que tem como fruto a verdadeira felicidade! Essa é a liberdade à
qual os filhos e filhas de Deus são chamados: a liberdade conquistada pelo amor!
Seminarista Luiz Octávio
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