segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A Liberdade Interior



     Ainda que todos sonhem com um mundo livre, sem leis de punição, e acabem fazendo uma ideia de mundo utópica, esse não é nem de longe o conceito apropriado de liberdade. Mais, a liberdade pode ser um lugar de encontro privilegiado a nível de diálogo entre a cultura moderna e o Cristianismo. Mas é preciso conhecer a verdadeira natureza dessa liberdade.

     Se por um lado, para o homem moderno, ser livre significa, frequentemente, poder desembaraçar-se de todo limite e de toda autoridade, por outro, para o Cristianismo, só se pode encontrar a liberdade em uma submissão a Deus, na obediência da fé. Falta ao homem moderno, reconhecer que a verdadeira liberdade, mais que uma conquista do própria, é um dom gratuito de Deus, um fruto do Espírito Santo, recebido na medida em que se se coloca em uma dependência de amor diante do Criador.

     Ainda, pensa-se frequentemente que o único exercício verdadeiro da liberdade consiste em escolher dentre diferentes possibilidades aquela que mais convém. Pensa-se, portanto, que quanto mais amplo for o leque de opções, mais se é livre. A medida da liberdade seria, assim, proporcional à amplitude deste leque de opções possíveis. Essa noção de liberdade, que cedo induz a impasses e contradições, é muito presente no inconsciente do homem moderno, podendo-o levar a crer que esta é uma verdade, mas apresenta-se, na verdade, como um grande equívoco.

     Que o uso da liberdade leve frequentemente a poder optar entre diferentes possibilidades é verdade, e isso é bom. Mas quando se apega à necessidade de fazer uma opção, esquece-se que os elementos da existência humana que se escolhe são de uma importância bem menor que aqueles que não se escolhe. Veja, por exemplo, o sexo, a nacionalidade, a cor dos olhos, o temperamento, a língua materna. Todos esses são elementos de fato determinantes na existência humana, que não passaram pelo crivo da escolha. Simplesmente acolhemos todos eles, em espírito de gratidão por aquilo recebemos. E essa postura é fundamental no processo de amadurecimento pessoal.


     Portanto, chega-se à grande conclusão diante do tema liberdade: exercita-se de forma mais plena esse aspecto da vida humana, esse dom divino, quando se acolhe, e não quando se escolhe, ainda que fazer escolhas seja algo de fato importante no caminho do amadurecimento pessoal. Assim, o homem manifesta a grandeza de sua liberdade quando transforma a realidade a partir de suas decisões, mas o faz mais ainda quando acolhe a realidade com confiança, da forma como ela se apresenta dia após dia. Só se é verdadeiramente livre se se consegue abdicar até mesmo do direito de escolha para transformá-lo em postura de acolhimento. Essa é a verdadeira liberdade interior, que tem como fruto a verdadeira felicidade! Essa é a liberdade à qual os filhos e filhas de Deus são chamados: a liberdade conquistada pelo amor!


Seminarista Luiz Octávio

Um comentário: