segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Testemunho de um Seminarista


Consagro esta breve partilha ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria para que ela conduza todos os leitores ao conhecimento de seu dileto filho.

Antes de mais nada acho justo uma breve apresentação. Meu nome é Gustavo, tenho vinte e dois anos, sou filho de pais separados, tenho uma irmã mais velha (casada, e linda por sinal). Formado em Artes Cênicas (licenciatura) na Universidade de Brasília e atualmente sou seminarista. Porém como diz a música “Você não sabe o quanto caminhei pra chegar até aqui”.

Como todo e qualquer jovem sempre me questionei sobre o meu papel na sociedade. É muito comum ouvirmos que devemos tornar o planeta em um espaço melhor e agradável, que cada ser humano tem sua função, sua importância no mundo. Eu, não diferente dos outros jovens, me questionava e queria saber por que vim ao mundo.

Desde muito pequeno sempre fui à igreja com minha avó materna, hoje já falecida, e quando chegava em casa imitava o padre e “presidia uma missa” com direito a túnica, cálice, batata Ruffles e Coca-Cola. Quando pequeno, entre seis e oito anos, sempre dizia que queria ser padre, mas o tempo foi passando e fui esquecendo aquela feliz motivação à qual o bom Deus me chamava.  No primeiro ano do ensino médio minha vida mudou radicalmente. No dia 21 de dezembro de 2002 minha mãe teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e logo em seguida, meus pais que eram ministros da Eucaristia e participavam do Conselho Pastoral Paroquial se separam. Lembro- me que meu pai apenas disse que a partir daquele dia não morava mais em casa. Ele saiu sem dizer nada, sem brigar, sem levantar a voz para minha mãe, apenas disse que não viveria mais com a gente.

                Como acreditar em Deus depois de tanto sofrimento?  De tanta angustia? Minha Mãe ainda doente falava para que nós nunca desistíssemos de Deus, pois ele sempre nos ensina com as adversidades da vida. Assim continuamos vivendo, sofrendo pela ausência do meu pai e ainda mais com a doença da minha mãe.

Comecei a fazer teatro como terapia, já que não sabia controlar o excesso de sentimentos que passava naquele momento. Então me apaixonei de tal modo pela arte que resolvi me dedicar a ela. No entanto, não conseguia passar na UnB de jeito maneira. Resolvi fazer uma barganha com aquela que sempre me auxiliou. Disse a Virgem Maria que se ela me desse à graça de passar nos vestibular eu seria sacerdote.

Durante todo o curso sempre batia uma inquietude quando pensava na minha vocação. O coração ardia em ver um padre celebrando o santo sacrifício, achava lindo um padre que por amor usava batina, me atraí a radicalidade de alguns pregadores, mas pela realidade que vivia na UnB e por ter novos sonhos, o sacerdócio foi esquecido mais uma vez. No ultimo ano do curso todas as inquietudes voltaram com mais intensidade. Passei a querer de Deus grande sinais, grandes manifestações da minha vocação; queria que o céu se rasgasse e uma voz extraordinária falasse: EIS O MEU FILHO MUITO AMADO QUE EU CHAMO AO SACERDÓCIO. Isso, porém, nunca aconteceu. Com o auxílio de um diretor espiritual fui percebendo que Deus se manifestava com pequenos gestos, no cotidiano. E isso foi suficiente para que desse o primeiro passo de ir nos encontros vocacionais do Seminário Maior Arquidiocesano.

Hoje estou no seminário e tenho uma vida que não é muito fácil, porém contraria a todo meu pensamento poético de achar que aqui eu sentiria e morreria de amor por Jesus que está a uns cinco metros do meu quarto. Embora, exista muitas dificuldades “EU SEI EM QUEM COLOQUEI MINHA FÉ” e sei que ele nunca me abandonou e nunca me abandonará. Se amor é decisão a cada dia me decido por viver para Cristo.


Seminarista Gustavo Xavier

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